O Universo, isto é, tudo o que nos cerca, sempre causou uma profunda impressão na humanidade, desde os tempos mais antigos. O espectáculo de uma noite estrelada não pode deixar de, mesmo hoje, nos maravilhar e tentar perceber o que está por detrás de tão grandioso espectáculo.
Por isso todos os povos sentiram necessidade de compreender esta imensidão. As primeiras explicações faziam apelos a mitos, a deuses, a forças misteriosas. Depois, pouco a pouco, observações mais atentas e sistemáticas foram mostrando uma harmonia e uma ordem ("cosmos" diziam os gregos: κόσμος), por detrás das quais foram sendo construídas "leis da natureza" cada vez mais científicas e menos mitológicas. Não é que a ciência consiga explicar tudo. Felizmente sempre haverá lugar para o mistério, pois a nossa sede de infinito e de imortalidade não são redutíveis a combinações de moléculas ou a neurotransmissores.
É um pouco desta história que gostaria de partilhar.
Uma das primeiras manifestações desse desejo profundo do Homem deve ser o Disco de Nebra, uma placa em bronze com aplicações a ouro, descoberto nas proximidades da cidade de Nebra, em Sachsen-Anhalt (Alemanha), que é considerado como a mais antiga representação da abóbada celeste, supondo-se que foi utilizado para determinar os solstícios e outras datas, com uma precisão bastante razoável. Deve ter sido construído entre 2 100 e 1700 aC.
INTERPRETAÇÕES MITOLÓGICAS
Não há nenhum povo ou cultura que não tenha a sua história (“mito”) da criação. O livro “Rosa do Mundo 2001 Poemas para o futuro”, um dos marcos que ficaram do Porto capital europeia da cultura, em 2001, começa com uma longa série desses mitos. Recordo aqui dois.
O primeiro provém da cultura dos Fulani, provavelmente o povo nómada mais populoso do mundo. A sua origem é desconhecida, mas habita maioritariamente no Sahel, corredor situado entre o deserto do Sará e as terras mais férteis a sul.
No princípio existia uma enorme gota de leite.
Então chegou Doondari e criou a pedra.
A pedra criou o ferro;
E o ferro criou o fogo;
E o fogo criou a água;
E a água criou o ar.
Então Doondari desceu pela segunda vez.
Juntou os cinco elementos
E moldou-os num homem,
Mas o homem era orgulhoso.
Então Doondari criou a cegueira e a cegueira derrotou o homem.
Mas quando a cegueira se tornou demasiado orgulhosa,
Doondari criou o sono e o sono derrotou a cegueira;
Mas quando o sono se tornou demasiado orgulhoso,
Doondari criou a preocupação e a preocupação derrotou o sono;
Mas quando a preocupação se tornou demasiado orgulhosa,
Doondari criou a morte e a morte derrotou a preocupação.
Qunado a morte se tornou demasido orgulhosa,
Doondari desceu pela terceiar vez.
Ele veio com Gueno, o Eterno,
E Gueno derrotou a morte.
A segunda citação que faço é o começo de Popol Vuh, um dos poucos livros que nos ficaram da destruição da civilização maia pelos civilizados conquistadores espanhóis.
Esta é a história do princípio,
quando não existia nenhum pássaro,
nenhum peixe,
nenhuma montanha.
Apenas o céu.
Apenas o mar.
Não existia mais nada,
nenhum som ou movimento.
Apenas o céu e o mar.
Apenas o Coração-do-Céu, sozinho.
E estes são os seus nomes:
o modelador e o criador,
Kukulkan
e o Furacão.
Todavia não existia ninguém para pronunciar os seus nomes.
Não existia ninguém para louvar a sua glória.
Não existia ninguém para alimentar a sua grandeza.
Então, Coração-do-Céu pensava
"Quem é que existe para me louvar?
como construirei a madrugada?"
Então ele apenas diz a palavra:
"Terra",
e a terra ergueu-se
como uma bruma vinda do oceano.
Podemos também dar uma vista de olhos a algumas imagens das muitas mitologias antigas.
A deusa egípcia Nut (o firmamento) suportada pelo deus Shu
e separada do seu amante (a Terra).
A Terra (Monte Meru) e as regiões infernais eram transportadas por uma tartaruga, símbolo da força e do poder creativo. A tartaruga repousava sobre a grande serpente, símbolo da eternidade.
Havia três mundos: o superior, residência dos deuses; o intermédio, a Terra; o inferior, o inferno. O Monte Meru, sobre o qual giravam as estrelas, cobria e unia os três mundos. No cimo do monte, está o triângulo, símbolo da criação.
Os Astecas tinham o “Mundo Superior”, o céu, e o “Mundo Inferior”, o inferno, cada um deles associado a um grupo de divindades e objectos astronómicos, dos quais os mais importantes eram o Sol, a Lua e Vénus, cujas órbitas serviam de base ao seu complexo calendário.
Mas não podemos esquecer o primeiro de todos os poemas sobre a criação, o Enuma Elish, um poema sumério, escrito em sete tábuas de argila, provavelmente, no século XII aC.
e em baixo a terra não tinha nome,
do oceano primordial (Apsu), seu pai,
e da tumultuosa Tiamat, a mãe de todos,
as águas se fundiam numa,
e os campos não estavam unidos uns com os outros,
nem se viam os canaviais;
quando nenhum dos deuses tinha aparecido,
nem eram chamados pelo seu nome,
nem tinham qualquer destino fixo,
foram criados os deuses no seio das águas.
É obrigatório aqui fazer uma referência ao Génesis, primeiro livro da Bíblia, escrito no mesmo contexto cultural mesopotâmico.
Primeira página da Bíblia em hebraico
Pode descobrir-se uma certa dependência relacionando Tiamat (abismo primordial de águas salgadas) e tehôm (o abismo que cobre a terra informe e vazia) do texto bíblico. Contudo há diferenças teológicas entre os dois relatos.
Por um lado, Deus não nasceu dessa massa informe e vazio mas foi o seu criador e ordenador e não há qualquer referência à luta cósmica entre Deus criador e as forças descontroladas do universo, simbolizadas pela divindade primordial Tiamat, vencidas por Marduk.
Por um lado, Deus não nasceu dessa massa informe e vazio mas foi o seu criador e ordenador e não há qualquer referência à luta cósmica entre Deus criador e as forças descontroladas do universo, simbolizadas pela divindade primordial Tiamat, vencidas por Marduk.
Por outro lado, e isto é muito importante, o relato bíblico desmi(s)tifica o carácter divino da natureza: é o Deus único que separa as águas, cria a luz, faz emergir os continentes, cria a vida e até os astros não são seres divinos, que marquem o destino do Homem, mas apenas dois “luzeiros” ao seu serviço. A natureza deixa de ser divina, "profanizou-se" e esta mudança de paradigma é fundamental, pois permite que ela seja estudada e analisada sem o perigo de blasfémia ou heresia.
A CAMINHO DA CIÊNCIA
E isto permite passar aos Gregos antigos. Se a democracia é, porventura, a ideia grega mais famosa, a da ciência não o é menos. Para Schrödinger há três razões para que a ciência ali tenha surgido: a região não pertencia a nenhum Estado poderoso geralmente hostíl ao pensamento livre, como o império chinês; não estava "infestada de sacerdotes", sempre interessados na manutenção do status quo, como no Egipto; era um povo de marinheiros e de comerciantes, um veículo privilegiado para a permuta de ideias. Esta "liberdade de pensamento" fez com que os gregos compreendessem que o mundo era algo que podia observar-se e estudar-se. Tratou-se de uma verdadeira revolução no modo como passámos a olhar o mundo.
E isto permite passar aos Gregos antigos. Se a democracia é, porventura, a ideia grega mais famosa, a da ciência não o é menos. Para Schrödinger há três razões para que a ciência ali tenha surgido: a região não pertencia a nenhum Estado poderoso geralmente hostíl ao pensamento livre, como o império chinês; não estava "infestada de sacerdotes", sempre interessados na manutenção do status quo, como no Egipto; era um povo de marinheiros e de comerciantes, um veículo privilegiado para a permuta de ideias. Esta "liberdade de pensamento" fez com que os gregos compreendessem que o mundo era algo que podia observar-se e estudar-se. Tratou-se de uma verdadeira revolução no modo como passámos a olhar o mundo.
Thales de Mileto (625 a 545 aC) terá sido o primeiro a colocar a questão básica: "de que é feito o mundo e como funciona?". A resposta não a procurava nos deuses mas na observação da natureza.
Thales, que era comerciante, deslocava-se várias vezes ao Egipto. Numa dessas viagens foi desafiado a medir a altura da pirâmide de Quéops. Para tal serviu-se do que ficou conhecido pelo "teorema de Thales", ainda hoje estudado nas nossas escolas.
Segundo este teorema, quando um feixe de rectas paralelas são cortadas por duas rectas tranversais, as medidas dos segmentos delimitados pelas transversais são proporcionais.
A partir deste raciocínio Thales determinou a altura da pirâmide de Quéops:
Os babilónicos e os egípcios tinham feito muitas observações e sabiam muito sobre as órbitas dos corpos celestes, mas consideravam-nas um segredo dos deuses. Os gregos recusaram essa explicação e passaram a interrogar a própria natureza. Protágoras até foi mais longe, chegando a duvidar dos deuses: "Não sei nada dos deuses, não sei se existem ou não, nem quais são as suas formas".
Esta capacidade de investigar, de medir, de calcular permitiu aos gregos fazer descobertas que hoje nos pareceriam impossíveis com os meios de que dispunham. Deixo aqui algumas no campo da "astronomia".
1. A Terra é esférica
Muitos povos antigos acreditavam que a Terra era plana, apesar das dificuldades que daí podiam advir:
Mas os Gregos provaram que era redonda a partir de três observações:
- o desaparecimento dos barcos no mar começa pelo casco e acaba nas velas (esta aprendi eu na "primária");
- os eclipses lunares, nos quais se projectava a sombra (redonda) da Terra sobre a Lua;
- a própria Lua é redonda.
2. Tamanho da Terra
Foi calculado, pela primeira vez, por Eratóstenes (285 - 194 aC).
Eratóstenes soube que havia um poço em Syene (actual Assuão), no fundo do qual o Sol se reflectia ao meio dia do 21 de Junho (solstício de Verão), isto é, os raios solares estavam na vertical. Certo de que era a curvatura da Terra que impedia que o Sol estivesse a pino, ao mesmo tempo, em Syene e em Alexandria, Eratóstenes espetou uma estaca vertical em Alexandria e mediu o ângulo que os raios solares faziam com a estaca (7,2 º). Ora 7,2 º é 1/50 avos do perímetro terrestre (360 º). Então mediu a distância entre Syene e Alexandria: 5 mil estádios. Portanto o perímetro da Terra teria de ser 250 000 estádios. Como cada estádio egípcio (que era diferente do grego) media 157 m, o perímetro da Terra era igual ao produto de 250 000 estádios por 157 m, ou seja, 39 240 Km. Hoje sabemos que o perímetro médio é de 40 000 km!
3. Distância Terra-Lua
Este cálculo implica duas etapas.
3.1. Diâmetro da Lua
Aproveitando a passagem da Lua pela sombra da Terra quando de um eclipse lunar, verifica-se que:
- decorrem 50 minutos entre o momento em que a Lua aflora a sombra até desaparecer totalmente: Lua (2);
- a Lua demora 200 minutos a sair da sombra da Terra: Lua (1).
- decorrem 50 minutos entre o momento em que a Lua aflora a sombra até desaparecer totalmente: Lua (2);
- a Lua demora 200 minutos a sair da sombra da Terra: Lua (1).
Assim, o diâmetro da Terra é cerca de 4 vezes maior (200/50) que o da Lua. Sabendo que o diâmetro da Terra é 12 700 km, o da Lua teria de ser um quarto deste valor, 3 200 km.
3.2. Distância da Terra à Lua
Utilizando o "teorema de Thales", foi possível determinar as dimensões da Lua. Estendendo o braço, a Lua Cheia fica encoberta pela ponta de um dedo.
Fonte: S. SING, Big Bang, p. 27
Uma vez que o tamanho do dedo que cobre a Lua é cerca de cem vezes menor que o comprimento do braço, esta deve ser também a relação entre o diâmetro da Lua e a sua distância à Terra. Ou seja, 3 200 km x 100 = 320 000 km.
4. Quanto ao Sol
4.1. Distância ao Sol
Aristarco de Samos (século III a.C.), partindo da convicção de Anaxágoras de que a Lua Crescente ou Minguante era um vértice de um triângulo rectângulo com a Terra e o Sol, conseguiu determinar a distância da Terra ao Sol.
Uma vez conhecida a distância da Terra à Lua e o ângulo da Terra com o Sol, A, que ele mediu como tendo 87º (realmente mede 89,5 º), determinou que o Sol estaria umas vinte vezes mais longe que a Lua: pouco mais de 6 milhões de km!.
Uma vez conhecida a distância da Terra à Lua e o ângulo da Terra com o Sol, A, que ele mediu como tendo 87º (realmente mede 89,5 º), determinou que o Sol estaria umas vinte vezes mais longe que a Lua: pouco mais de 6 milhões de km!.
4.2. Diâmetro do Sol
Sabendo os valores de D (distância do Sol à Terra), de d (distância da Lua à Terra) e de h (diâmetro da Lua), podemos facilmente saber o valor de H (diâmetro do Sol). Como a relação entre as distâncias (D/d) é cerca de 20 vezes, o diâmetro do Sol será também 20 vezes o da Lua.
Quanto ao Sol, as medidas ficaram muito longe da realidade, porque não era possível, naquele tempo, medir com maior precisão o ângulo A do triângulo rectângulo de Aristarco. Mas o método estava correcto.
Deixo aqui uma comparação entre os gregos e os outros povos: "Os avanços espantosos de Eratóstenes, Aristarco e Anaxágoras mostraram o progresso do pensamento científico que decorreu na Grécia antiga, porque as determinações que fizeram se apoiaram na lógica, na matemática, em observações e em medições... Os babilónios não eram verdadeiros cientistas uma vez que se contentavam com um universo explicado por mitos e guiado por deuses... Os egípcios estavam muito mais avançados que os gregos em balanças, cosméticos, tintas, fechaduras de madeira, velas e muitas outras invenções. No entanto, estes exemplos são de tecnologia, não de ciência... As tecnologias fazem a vida (e a morte) mais confortável, enquanto a ciência é simplesmente o esforço de compreender o mundo. Os cientistas são motivados pela curiosidade, não pela utilidade ou pelo conforto... Assim, enquanto os egípcios eram inventores, Eratóstenes e os seus pares eram cientistas" (S. SING, Big Bang, pp. 29-31).
A propósito destas considerações, não posso deixar de fazer referência a uma extraordinária descoberta técnica dos gregos, que foi certamente o mais importante artefacto tecnológico do mundo antigo: a Máquina de Anticítera. Foi descoberta entre o espólio de um navio mercante romano que naufragou no século I aC e que foi encontrado por mergulhadores, em 1900, junto da pequena ilha de Anticítera, entre Creta e a parte continental da Grécia.
Inicialmente houve quem supusesse que, tratando-se de um mecanismo tão elaborado, provavelmente teria sido construído com instruções fornecidas por... extraterrestres!!!
Entretanto foram sendo feitos vários estudos que começaram a revelar mais pormenorese e a permitir refazer o seu mecanismo.
Das novas descobertas destaca-se um "livro de instruções" bastante elaborado, com três mil caracteres que, entre outras informações, explicava como manejar o aparelho e como utilizar as observações dele obtidas. O tipo de letra aponta para Siracusa como local da sua construção. Entre as divisões de quase todos os mostradores aparecem sempre duas letras gregas: o sigma (Σ), que certamente significava Σελήνη (selene), "lua" (derivada de outra palavra grega σέλας, "brilho, estrela") e o eta (Η) de Ήλιος (hélios), "sol".
Novos pormenores foram sendo revelados pelas tecnologias cada vez mais avançadas, como Raios X e TC (Tomografia Computarizada) que "fotografou" sucessivas fatias da Máquina.
Raios X "Fatias" da TC (ScAmBrasilJan.2010, p. 51)
Todos estes estudos mostram que se trata de um aparelho "demasiado" complexo, feito com rondas dentadas e engrenagens. Por isso há quem pense que o seu inventor foi Arquimedes, já que lhe são atribuídas várias invenções, tais como a rosca sem fim, a roda dentada, a roldana móvel, a alavanca. Contudo, é pouco provável pois a máquina está datada de várias décadas após a morte daquele grande inventor grego. De qualquer maneira, fica a pergunta: por que é que esta tecnologia tão poderosa foi tão pouco explorada, ou talvez mesmo ignorada, na sua própria época e depois durante tantos séculos?
Adaptado de Scientific American Brasil Jan2010, p. 52-53
Construída em bronze, por volta de 65 aC, estava originariamente montada dentro de uma caixa de madeira com duas portinholas. Media 33 cm de altura, 17 de largura e 9 de espessura. Apresentava 32 rodas dentadas e marcações assinaladas com anotações sobre o sol, a lua e os cinco planetas então conhecidos: Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. A marcação frontal indicava a posição do sol e da lua no Zodíaco. As duas marcações posteriores mediam o tempo segundo dois ciclos astronómicos: o de Calipo (76 anos e 940 lunações) e o de Saros (18 anos e 223 lunações).
O ciclo de Calipo (cerca de 330 aC) resultou de um aperfeiçoamento do calendário clássico grego, chamado metónico. Este calendário era lunar e foi estabelecido, em 432 aC, pelo astrónomo Meton de Atenas, que nas suas observações verificou que 235 meses lunares (6939,691 dias) somavam quase exactamente 19 anos solares (6939,60161 dias; 228 meses). Por isso, para manter o sincronismo com o ano solar, era necessário adicionar 7 meses lunares extra (nos anos 3, 5, 8, 11, 13, 16 e 19 do ciclo), o que reduzia a diferença a 1 dia em cada 290 anos, feito notável para os padrões da época. Também Hiparco (190-126 a.C.) introduziu alterações, entre as quais uma pequena excentricidade para dar conta do que hoje se conhece bem: a Lua acelera um pouco ao aproximar-se do perigeu (ponto da órbita mais próximo da Terra) e desacelera quando passa pelo apogeu (ponto mais afastado). Também desta ligeira variação no movimento da Lua, a máquina dá conta. Como conseguiu ele detectar essa diferença, se só com Képler ficámos a saber que as órbitas planetárias não são circulares mas mais ou menos elípticas?
O ciclo de Saros é un período caldeu de 223 lunações (6585.3213 días: 18 anos e 11 días e um terço), ao fim do qual a Lua e a Terra retomam aproximadamente a mesma posição nas suas órbitas e se podem repetir os eclipses, que assim podem ser previstos.
Recordo que a lunação é o tempo médio decorrido num ciclo lunar completo: 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3 segundos. Nos calendários lunares, cada mês corresponde a uma lunação; a fase de referência é, em geral, a Lua Nova.
Termino, citando Price, um dos grandes estudiosos da MáquinaAnticítera: "Não deixa de ser assustador que, pouco antes da queda da sua grande civilização, os gregos antigos se aproximaram tanto da nossa época, não apenas pelo pensamento, mas também pela sua tecnologia científica" (An ancient Greek computer, D.J.S. PRICE, Scientific American 200/6 (Junho.1959), pp. 60-67).
E finalmente recomendo aos interessados a leitura do artigo O Incrível Computador da Antiguidade de T. FREETH no Scientific American Brasil de Janeiro de 2010, pp. 48-55, que chegou às nossas bancas estes mês.
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