quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sistema Solar: Planetas anões

Depois de termos dado uma vista de olhos pelos planetas telúricos e pelos planetas gasosos, hoje vamos visitar os Planetas Anões.

Não é muito fácil diferenciá-los dos planetas "clássicos", pois têm muitas características comuns:
- orbitam em volta do Sol;
- têm uma força de gravidade suficiente para assumir uma forma em equilíbrio, aproximadamente esférica, e
- não são satélites de nenhum planeta.
A única diferença é que "não têm uma órbita desimpedida", isto é, têm na sua proximidade vários objectos pouco mais pequenos que eles próprios, já que orbitam em zonas de Asteróides: são demasiado pequenos, em termos de massa, para "limpar" significativamente o seu ambiente como fizeram os planetas. Também não podem ter uma massa inferior a 5 × 10^20 kg (0, 0008 a da Terra) nem o diâmetro, a 800 km (0,06 o da Terra).
Além disso, são muito menores que os planetas: Mercúrio, o planeta menor, tem 4 800 km de diâmetro; Éris, o maior dos planetas anões, tem apenas 2 400 km.

A discussão começou com a descoberta de um asteróide, o 2003 UB313, que tem um diâmetro maior que o de Plutão. A questão, que então se colocou, era esta: ou o Sistema Solar passava a ter mais um planeta, o tal asteróide maior que Plutão, ou Plutão deixava de ser planeta. Por outras palavras: ou ficávamos com dez planetas ou com oito.

Reunida em Praga, em 24.Agosto.2006, a União Astronómica Internacional (UAI) introduziu um novo tipo de corpos celestes, o de "planeta anão" (PA), no qual incluíu Plutão juntamente com Éris e Ceres. Em 2008, foram acrescentados Haumea e Makemake. Ceres orbita na Cintura Principal de Asteróides entre Marte e Júpiter, enquanto os outros estão para lá de Neptuno, na Cintura de Kuiper.


Até ao momento são cinco os PA, mas há vários candidatos na lista de espera. O que é mais um sinal da dificuldade na caracterização deste tipo de objectos, cuja criação esteve envolta em acaloradas discussões.


Como estes corpos celestes só recentemente puderam ser analisados com mais pormenor, os dados sobre eles vão sendo melhorados pouco a pouco. Por isso, vou aproveitar para falar mais dos seus nomes do que das suas características físicas.


ÉRIS

História mitológica

Éris, a deusa da Discórdia, era filha primogénita de Nix, a noite, e mãe de inúmeros flagelos: Ponos (pena), Lete (esquecimento), Limos (fome), Algos (dor), Neike (injúria), Disnomia (desordem), Fone (matança), Ate (ruína e insensatez), Hisminas (disputas), Macas (batalhas), Androctasias (massacres), Pseudologos (mentiras), Anfilogias (ambiguidades), bem como de Horcos (Juramento), que castigava duramente quem jurasse falso.
Teve um papel relevante no desencadear da Guerra de Tróia.
Peleu e Tétis, que viriam a ser os pais de Aquiles, convidaram para o seu casamento todos os deuses e deusas, excepto Éris: não queriam que a sua festa fosse estragada pela confusão e a intriguice. Mas Éris sentiu-se ofendida e decidiu ir. Para se vingar da afronta, levou um "presente envenenado": passou pelo Jardim das Hispérides e roubou uma maçã.


Quando chegou ao local da boda, colocou sobre uma mesa a maçã com uma simples inscrição: "à mais bela", fazendo com que Hera, Atena e Afrodite discutissem a quem pertencia a maçã: daí vem a nossa expressão o "pomo (maçã) da discórdia". Para dirimir a questão, Zeus escolheu Páris, príncipe de Tróia, para fazer a escolha e acabar com a discussão. Cada uma das três deusas procurou suborná-lo: Hera ofereceu-lhe poder político; Atena, habilidade na batalha; e Afrodite, a mulher mais bela do mundo, Helena, que era esposa de Menelau de Esparta.



Páris escolheu Afrodite, assim atiçando a ira de Atena e de Hera que decidiram enviar os exércitos gregos para o matar e destruir a sua cidade natal, Tróia.
Por sua vez, Páris tratou de "receber" o seu prémio. Deslocou-se a Esparta e raptou Helena.


Menelau, ao saber do “rapto”, reuniu o exército grego, que cercou Tróia durante dez anos até a destruirem.
Páris preferia as mulheres aos combates. Contudo, após uma visão atribuída a Apolo, resolveu envolver-se seriamente na guerra, acabando por matar Aquiles, o guerreiro grego mais forte e influente, atingindo-o com uma flecha no calcanhar, único ponto em que poderia matá-lo.



 Esta morte foi a vingança pela morte de Heitor, seu irmão e pelo modo bárbaro com Aquiles tratou aquele valente guerreiro, arrastando-o várias vezes pelas muralhas de Tróia depois de o ter morto.


Homero imagina e descreve a cena, que cito, começando na parte final do discurso de Aquiles aos Aqueus:

"Granjeámos grande glória! Matámos o divino Heitor,
a quem os Troianos rezavam na cidade como a um deus!"

Assim disse; e para o divino Heitor planeou actos sem vergonha.
Perfurou atrás os tendões de ambos os pés
do calcanhar ao tornozelo e atou-lhes correias de couro,
atando-os depois ao carro. A cabeça deixou que arrastasse.
Depois que subiu para o carro e lá colocou as armas gloriosas,
chicoteou os cavalos, que não se recusaram a correr em frente.
De Heitor ao ser arrastado se elevou a poeira, e dos dois lados
os escuros cabelos se espalhavam; toda na poalha estava
a cabeça que antes fora tão bela. Mas Zeus a seus inimigos
o dera, para a vergonhosa profanação na sua própria terra pátria.
Deste modo toda a cabeça de Heitor estava suja de pó. Mas a mãe
arrancava os cabelos. Longe de si atirou o véu resplandescente,
fazendo soar grandes gritos ululantes ao ver o seu filho.
Gemeu confrangedoramente o pai amado e o povo à volta
estava preso pela lamentação e pelo choro em toda a cidade.
A parecença era sobretudo com isto: como se toda a cidade,
toda a íngreme Ílion, ardesse com fogo de cima a baixo.
O povo conseguia a custo reter o ancião tresloucado,
que queria sair na sua demência das Portas Dardânias.
A todos implorava, rojando-se no esterco,
e chamava cada homem pelo seu nome:

"Desisti, amigos, e deixai-me ir sozinho, solícitos embora sejais;
deixai-me sair da cidade para ir até às naves dos Aqueus.
Suplicarei àquele homem implacável, propagador de violência,
na esperança de que se envergonhe perante os coevos e sinta pena
da minha velhice. Também ele tem um pai como eu,
Peleu, que o gerou e criou como flagelo para os Troianos.
Sobre mim, mais do que a todos os outros, pôs ele a dor,
dado que foram tantos os filhos que me matou na flor da idade.
Mas por todos eles não choro eu tanto, enlutado embora esteja,
como por um único; a dor por causa dele me levará para o Hades:
Heitor. Se ao menos ele tivesse morrido nos meus braços!
Assim nos teríamos saciado do pranto e da lamentação,
a mãe que o deu à luz para sua desgraça e eu próprio."
Homero, Ilíada XXII, 393- 428

A fúria de Aquiles era também ela já resultado da profunda dor causada pela morte do seu maior amigo, Pátrocolo, que Heitor matara antes.

Não aprendemos nada com a História, que constantemente nos ensina que violência gera violência, guerra multiplica guerra, ódio alimenta ódio. Só quando a vítima for capaz de introduzir o perdão amoroso é que a espiral da violência é quebrada. Então, só então o caminho da paz se abrirá à sua construção sempre penosa, sempre dolorosa, sempre precisada de uma vontade moral inabalável em seu favor,  dia a dia, momento a momento.

Voltando a Éris (Discórdia), Homero recorda assim o seu papel na guerra:

Aos Troianos incitava Ares; aos Aqueus, Atenas de olhos garços,
assim como o Terror, o Medo e a Discórdia sempre furibunda,
irmã e amiga de Ares, matador de homens -
ela que primeiro levanta um pouco a cabeça, mas depois
fixa a cabeça no céu, enquanto caminha sobre a terra.
Foi ela que atirou para o meio deles o conflito que chega a todos,
ao percorrer toda a turba, assim aumentando os gemidos dos homens.
Homero, Ilíada IV, 439-445

O planeta foi, portanto assim chamado, porque a sua descoberta, como já referi, lançou a discórdia entre os astrónomos quanto à sua classificação.

CARACTERÍSTICAS

Massa: 1,67 x 10 ^22 kg = 0,0025 a da Terra;
Diâmetro: 2 400 km = 0,02 a da Terra;
Distância média ao Sol: 10 mil milhões km (70 UA);
Período de revolução: 557 anos terrestres;
Período de rotação: não se sabe bem, mas será ligeiramente superior a 8h;
Temperatura média: -243 ºC.

Observações de rotina, realizadas em 21.Outubro.2003, encontraram um novo corpo celeste; mas só a 5.Janeiro.2005, novas análises confirmaram a existência de Éris.



É o maior corpo celeste conhecido para além da órbita de Neptuno.
Compõe-se de uma mistura sólida de gelo e rocha. Terá sido formado na parte interior da Cintura de Kuiper, mas foi depois atirado para uma órbita mais distante por uma possível perturbação gravitacional de Neptuno, quando da ressonância de Júpiter e Saturno (ver Formação do Sistema Solar no post #).
A análise espectral no Infra-Vermelho é uma assintura característica de uma superrície coberta com Metano sólido. Esta presença indicia que Éris se manteve sempre nos confins do Sistema Solar, já que, se este gás, que é muito volátil, subsistiu, é porque o planeta se manteve sempre a temperaturas muito baixas e, portanto, muito distante do Sol. Se Éris não fosse sempre um mundo extremamente frio, o Metano ter-se-ia evaporado e desaparecido.
Outra possibilidade é a existência de uma fonte interna de Metano que o liberte para a atmosfera, tendo em conta que Haumea, um outro PA desta zona revelou a presença de gelo de Água, mas não de Metano
 As setas indicam as linhas de absorção do Metano

A órbita de Éris é muito excêntrica: 97 UA, no afélio; 35 UA, no periélio.


Além disso, o plano da sua órbita faz um ângulo de 44º com a Eclíptica.

Órbita de Éris e a Eclíptica

Disnómia

Satélite natural de Éris, o seu nome significa "desordem", numa referência ao facto de, na mitologia, ser filha de Éris, a deusa Discórdia. Tem uma órbita circular de 16 dias.




PLUTÃO

História mitológica

Quando os três filhos de Cibele e Saturno fizeram a partilha do Universo,  Júpiter tomou posse do Olímpo, Neptuno ficou com o mar e Plutão com os Infernos (Hades).
Plutão governou o reino da morte sozinho até se apaixonar pela bela Proserpina, filha de Júpiter e Ceres, raptando-a para fazer dela sua esposa. Ceres, desesperada, caíu numa fúria terrível, destruindo todas as colheitas. A pedido de Júpiter acalmou-se, mas com a condição de reaver a sua filha. Contudo, Plutão dera-lhe a comer um bago de romã, pelo que Proserpina não podia abandonar definitivamente o Hades. Finalmente chegaram a um acordo: Proserpina passava o Inverno com o marido, quando Ceres, desolada, não cuidavada natureza, e o Verão com a mãe, quando a natureza renascia, graças à alegria de Ceres. 




CARACTERÍSTICAS

Massa: 1,27 x 10 ^22 kg = 0,002 a da Terra;
Diâmetro: 2 306 km = 0,02 a da Terra;
Distância média ao Sol: 6 mil milhões km (40 UA);
Período de revolução: 248 anos terrestres;
Período de rotação: 6 dias, 9 horas e 17 minutos;
Temperatura média: -229 ºC.

Plutão foi descoberto em Fevereiro de 1930 pelo jovem astrónomo C. Tombaugh, de 24 anos, que conseguiu fotografá-lo.
Tem uma órbita inclinada em relação aos planetas e muito excêntrica: dos 248 anos de translação em volta do Sol, passa 20 anos mais perto do Sol do que Neptuno; no restante da órbita, permanece para além de Neptuno.


Quando passa próximo do Sol, o Azoto sólido da superfície sublima produzindo uma substancial atmosfera com ventos e nuvens. Mas, porque é demasiado pequeno, não tem força de gravidade suficiente para a reter por muito tempo, de modo que a sua atmosfera desaparece tão rapidamente como aparece. O recente eclipse de uma estrela tripla vai permitir recolher mais dados. 


LUAS

Possui um satélite maior chamado Caronte (1 206 Km de diâmetro) e dois menores (40 Km), descobertos em 2005 pelo Hubble, a que a UAI atribuíu os nomes mitológicos de Nix e Hidra, cujas iniciais N e H são as mesmas da Sonda New Horizons, que em 2015 irá estudar esta  zona.
As três luas serão compostas de 70% de rochas e 30% de gelo de água.



Caronte


Era o barqueiro encarregado de conduzir as almas para o Hades através do río Aqueronte, pelo que cobrava uma moeda. Daí vinha o costume grego de colocar uma moeda, chamada óbolo, sob a língua ou sobre os olhos do cadáver, para pagar a viagem. Se a alma não pudesse pagar, ficaria na margem do Aqueronte por toda a eternidade e os gregos temiam que ela pudesse regressar para atormentar os vivos.


Sistema binário Plutão-Caronte


Os dois possuem massas tão semelhantes que não há predomínio gravitacional de nenhum deles. Caronte atrai Plutão com tal força que ambos formam um "sistema binário"; isto é, orbitam ambos em torno de um ponto, o "centro de massa" (CM), que fica entre os dois, mais próximo do maior (Plutão). Este é um caso único no Sistema Solar: o que realmente orbita em torno do Sol não é Plutão  mas o CM.

No conjunto Terra-Lua, o CM "fica" dentro da Terra, 1 707 km abaixo da superfície terrestre. 


Por isso podemos simplificar, dizendo que é a Terra que orbita em torno do Sol e a Lua em torno da Terra. Mas, rigorosamente não é bem assim.


Por isso, quando precisamos de cálculos rigorosos (por exemplo, a determinação da trajectória de um foguetão para a Lua), é obrigatório ter em conta que é o CM, e não a Terra, que orbita em torno do Sol e que a Lua orbita em volta do CM e não da Terra.

Apesar de tudo, a situação do sistema binário Plutão-Caronte é muito diferente da nossa. Por isso, pode (ou deve) dizer-se que Nix e Hidra são dois satélites não de Plutão mas do sistema binário Plutão-Caronte.

Nix


Para Hesíodo era filha do Caos, sendo, portanto, uma das primeiras criaturas a emergir do vazio e  irmã de algumas das mais antigas divindades, como Érebo (a Escuridão), Gaia (a Terra), Tártaro (as Trevas abissais) e Eros (o Amor da criação).
Homero refere-a como "a domadora dos homens e dos deuses", para destacar o quanto os deuses a respeitavam e temiam.
Nix percorria o céu, coberta por um manto negro que a tornava invisível, num carro puxado por quatro cavalos negros e acompanhada das Queres, suas filhas que teve por partenogénese. Era também a mãe da nossa já conhecida Éris.
Era patrona das feiticeiras e bruxas, a deusa dos segredos e mistérios noturnos e a rainha dos astros da noite.
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Hidra


Este monstro guardava as águas do mundo inferior de Plutão. Tinha várias cabeças de serpente capazes de se regenerarem e um corpo de dragão, cujo hálito era venenoso. Uma das cabeças era imortal.
Cortar as cabeças da Hidra foi um dos "doze trabalhos" de Hércules.

1) matar o leão de Neméia; 2) destruir a Hidra; 3) apanhar vivo o feroz javali de Monte Erimanto;
 4) capturar a Corça do Monte Carineu; 5) matar os Pássaros Estínfalos tão numerosos
que destruíam todas as plantações nas vizinhanças do Lago Estínfalo;
6) limpar os currais do rei Áugias de Élide; 7) capturar o feroz touro de Creta;
8) trazer os cavalos, devoradores de homens, de Diomedes; 9) roubar a cinta da rainha das Amazonas;
10) trazer o Rebanho de Gérião, guardado por um feroz pastor chamado Euritão
e um cão de duas cabeças e rabo de serpente, chamado Orto, que era irmão de Cérbero;
11) baixar ao Mundo Inferior e trazer Cérbero ("o demónio do inferno"),
que tinha três cabeças e protegia a entrada do Inferno;
12) roubar os Pomos do Ouro de Hespérides, fonte da eterna juventude dos deuses.

Para o conseguir, atirou-lhe uma pedra à cabeça imortal ou, segundo outras versões, cortava uma cabeça e, para ela não se regenerar, dava-a ao seu sobrinho Jolau para a queimar, impedindo assim a sua regeneração.


O monstro fora criado por Hera para matar Hércules. Quando percebeu que Hércules ia matar a serpente, Hera enviou-lhe para o ajudar um enorme caranguejo venenoso, mas Hércules esmagou-o e, depois, aproveitou para banhar as suas flechas no "sangue", para as tornar venenosas também.




MAKEMAKE

História mitológica

Makemake (pronuncia-se maki-maki), na mitologia rapanui da Ilha de Páscoa, é o criador da humanidade, o deus da fertilidade e o deus-chefe do culto "Tangata manu" (homem-pássaro).


A Ilha de Páscoa é o lugar habitado mais isolado do mundo. Com quase 4 mil habitantes, a maior parte a viver na capital Hanga Roa, e 118 km², fica a 1.600 km a leste da ilha de Pitcairn e a 3.700 km a oeste do Chile. 
É famosa pelas suas 888 enormes estátuas de pedra, os moai, distribuídas por vários "santuários".




Os Moais são as gigantescas estátuas, esculpidas a partir de pedras do vulcão Rano Raraku, por volta de 1300 dC, pelo povo Rapanui. O maior deles, Paro, mede 10 metros de altura e pesa mais de 75 toneladas.


O idioma rapanui (Vananga rapa nui),  falado nesta Ilha, é o mais oriental das línguas malaio-polinésicas. O idioma contém cinco vogais, a, e, i, o e u e nove consoantes, k, h, m, n, ng, p, r, t e v. Os sons correspondem aos das mesmas letras em português, excepto r, h e ng. O som do r é sempre vibrado, o do h é aspirado e o do ng é nasalado. Como fenómeno único entre as línguas polinésias, o rapanui desenvolveu, antes da chegada dos europeus, uma forma de escrita, o rongorongo, que até agora não foi decifrada. Os últimos conhecedores de tal sistema de escrita foram escravizados e levados para trabalhar nas plantações peruanas. Ao morrerem, levaram consigo o segredo dessa escrita.


CARACTERÍSTICAS

Massa: 4 x 10 ^21 kg = 0,0007 a da Terra;
Diâmetro: 1 200 a 1 900 km; média 1 600 km = 0,13 o da Terra;
Distância média ao Sol: 6,8 mil milhões km = 45 UA;
Período de revolução: 308 anos terrestres;
Príodo de rotação: 7h 46m 16s;
Temperatura média: - 243 ºC.

A sua descoberta, por M. Brown, a 31.Março.2005, foi anunciado publicamente em 29.Julho.2005, no mesmo dia de Éris e dois dias depois da descoberta de Haumea.


É o único planetão anão que não tem luas.
A sua superfície está coberta por Metano, na forma de grandes grãos (pelo menos de 1cm), Etano e, possivelmente, Azoto, devido à sua baixíssima temperatura média de cerca de 30 K (-243,2 °C). A análise espectral indica a presença de grandes quantidades de Etano e Tolinas (substâncias complexas ricas em Azoto), muito provavelmente originados da fotólise, por UV, do Metano. O Metano e/ou as Tolinas são provavelmente os responsáveis pela sua cor avermelhada.
Não há evidência de Azoto e Monóxido de Carbono como em Plutão.



HAUMEA

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A atribuição do seu nome foi um dos casos mais debatidos na Astronomia. Em 11.Setembro.2006, a equipa espanhola do Instituto de Astrofísica de Andaluzia, que o descobriu ,propôs ao MPC (Minor Center Planet ) o nome de Ataecina (Atégina em português), uma deusa ibérica, para o objeto que até então tinha o nome científico de 2003 EL61. Entretanto a equipa de Mike Brown, do Caltech, que descobriu as suas luas, reivindicando a prioridade da descoberta propôs o nome de Haumea, uma divindade primitiva havaiana, deusa da fertilidade e do nascimento. O MPC aceitou a proposta dos espanhóis, mas a 17.Setembro.2008 anunciou que o nome escolhido era Haumea. Assim, a UAI violou um direito que os espanhóis tinham, quebrando umas de suas mais antigas regras: quem anuncia primeiro e oficialmente um corpo celeste tem o direito de baptizá-lo. Muitos consideraram esta atitude tendenciosa e de marcado cunho político, pois o actual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é havaiano.


Atégina ou Ataecina, a deusa do renascimento (Primavera), da fertilidade, da natureza e da cura, na mitologia lusitana, era a deusa lusitana da Lua. O seu nome é originário do celta Ate + Gena, que significa "renascimento". Era invocada para curar e também para lançar uma maldição que poderia ir de pequenas pragas à morte. Tinha muitos santuários na Lusitânia e na Bética: em Elvas, Mérida, Cáceres, Myrtilis (Mértola), Pax Julia (Beja) e especialmente em Turobriga, cuja localização é desconhecida, e em locais perto do Rio Guadiana. O animal que lhe estava consagrado era a cabra.


Os mitos sobre Haumea andam em torno do casamento, do parto e da alimentação. Já velha conseguiu transformar-se numa mulher jovem, gerando filhos por mais de seis gerações.

 

É a grande Deusa-Mãe, que incarnou na árvore mística Makalei, a fonte abundante que alimenta os havaianos: dos seus ramos nascem vários rebentos de inhame, bambu, coco, cana de açúcar, árvore do pão e, quando mergulhados no mar, atraem os peixes. Do seu corpo nasceram: das chamas da boca, Pele, a deusa dos vulcões; da mão direita, Hi’iaka, a deusa da medicina; dos peitos, Nu’akea, produtora de rios de leite; das raízes, a Terra e toda a criação, num ciclo de eterno retorno.


CARACTERÍSTICAS

Massa: 4,2 x 10 ^21 kg = 0,0007 a da Terra;
Diâmetro: 1 960 x 1518 x 996 km; média de 1 500 km = 0,125 o da Terra;
Distância média ao Sol : 6,5 mil milhões km (43 UA);
Período de revolução: 285 anos terrestres;
Período de rotação: 3h 55m;
Temperatura: -223 ºC.


Tem a forma oval como uma bola de rugby e é branco por causa do gelo que o cobre.
É um plutóide com características pouco comuns: rotação rápida, elongação extrema e albedo (reflexão da luz) elevado devido ao gelo de água cristalina na superfície.




A descoberta de um novo conjunto de corpos gelados na Cintura de Kuiper, com superfície e propriedades orbitais semelhantes às de Haumea, sugere que pode tratar-se de destroços de uma enorme colisão sofrida por Haumea. Esses corpos seriam pedaços da camada de gelo que cobre o planeta anão.

LUAS

Tem duas pequenas luas, descobertas em 2005, e recentemente rebaptizadas de Hi'iaka (310 Km) e Namaka (170 Km), irmãs da deusa Haumea.
 

Pensa-se que sejam destroços que se separaram de Haumea devido a uma antiga colisão. Ao que parece o planeta está composto quase totalmente de rocha e conta com uma capa de gelo superficial. A maior parte do manto gelado originário ter-se-ia desprendido com o impacto; portanto, poderão existir vários satélites mais pequenos que Namaka, que não são detectáveis a partir da Terra.



CERES

História mitológica


Ceres (Deméter), filha de Saturno (Cronos) e Reia, e mãe de Proserpina, filha de Zeus, é a deusa da agricultura, dos grãos e do amor que a Mãe tem pelos seus filhos. O culto a Ceres foi introduzido em Roma com o intuito de acabar com a fome. Aí era invocada como a deusa dos grãos. A Cerealia Romana, donde deriva a palavra cereal, era um festival da Primavera celebrado em sua honra. Nos altares de sacrifícios dos seus templos eram oferecidas porcas prenhas, símbolos da fecundidade.



CARACTERÍSTICAS

Massa: 9,5 x 10 ^20 kg = 0,00015 a da Terra 
Diâmetro: 950 km = 0,08 a da Terra
Distância média ao Sol: 415 milhões km (2,9 UA)
Período de revolução: 4,6 anos terrestres;
Período de rotação: 9 h;
Temperatura média: -106 ºC.


A lei de Titius-Bode preconizava a existência de um planeta entre Marte e Júpiter a uma distância de 419 milhões de km (2,8 UA). Apesar de conhecida pelo nome dos dois cientistas, parece dever-se apenas a Titius. Com efeito, em 1766, J. D. Titius traduziu para o alemão a obra "Contemplation de la Nature" do naturalista e filosofo suíço Bonnet. No entanto, acrescentou um parágrafo da sua lavra, sem o identificar como seu, que dizia o seguinte:
"Tome-se a distância do Sol a Saturno como 100 unidades. Mercúrio distará do Sol 4 dessas unidades; Vénus 4 + 3 = 7; a Terra 4 + 6 = 10; Marte 4 + 12 = 16. No entanto, note-se que, entre Marte e Júpiter, há um desvio desta progressão, uma vez que a seguir a Marte vem 4 + 24 = 28 unidades, onde, até ao presente, nenhum planeta foi descoberto. Será que o Construtor deixou este espaço livre? Nem pensar! Sem dúvida este lugar é ocupado por um satélite de Marte, que ainda não foi descoberto [...]. Depois temos a posição de Júpiter 4 + 48 = 52 e Saturno 4 + 96 = 100. Mas que relação tão curiosa".

Descoberta

Ceres foi descoberto acidentalmente a 1.Janeiro.1801 por G. Piazzi, que o considerou demasiado pequeno para ser um verdadeiro planeta, pois as primeiras medidas indicavam um diâmetro de apenas 480 km. Contudo, permaneceu na lista dos planetas por mais de meio século, até que vários outros corpos celestes foram descobertos na mesma região do Sistema Solar e passou a asteróide, em 1852. Em 1984, verificou-se que a sua verdadeira dimensão era duas vezes maior do que se julgava e que era praticamente esférico. Por isso, em Agosto de 2006, entrou na categoria dos planetas anões.


É o único planeta anão que se encontra na Cintura Principal de Asteróides, entre Marte e Júpiter, sendo, portanto, o objecto mais maciço dessa região do Sistema Solar: contém cerca de um terço do total da massa da Cintura.
Não é homogéneo, mas está estruturado em camadas: um núcleo denso de rocha coberto por um manto de gelo de água, por sua vez coberto por uma crusta leve.


Existem dúvidas sobre as características da sua superfície. Imagens, no UV (ultravioleta), tiradas pelo Hubble, em 1995, mostravam um ponto negro (que foi chamado "Piazzi"), com cerca de 250 km, que teria resultado do impacto de um asteróide com 25 km de diâmetro. Mais tarde, imagens de maior resolução tiradas durante uma rotação completa com o telescópio Keck, usando óptica adaptativa, não mostraram sinais da existência do "Piazzi". Contudo, foram vistas duas estruturas escuras, uma delas com uma região central brilhante, que se supôs serem crateras.
As imagens tiradas pelo Hubble confirmam apenas a existência da mancha branca, cuja natureza se desconhece.


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