Vou agora procurar contar a história do Universo de um modo diferente.
Vou supor que o Universo é um ser vivo que alcança libertações, sofre crises,
vai respondendo aos desafios que lhe aparecem pelo caminho. Pode parecer que há
uma evolução teleológica (com um objectivo determinado), mas esta posição não é
científica; é muito mais de tipo religioso. Portanto, o leitor fica avisado que
esta maneira de contar as coisas tem pouco de científico, enquanto parece
apresentar uma finalidade para a evolução, que seria o aparecimento do homem.
Contudo o que se diz tudo isso aconteceu. Por exemplo, quando falar da primeira
crise de crescimento, dou conta de um facto; o nome é que não é muito
apropriado; quando falo da solução dessa crise, ela realmente existiu, mas não
foi planeada pelo Universo a regra e esquadro. Trata-se pois de uma linguagem,
muito antropomórfica, que pode induzir em erro, mas que permite apresentar os
vários desafios com que foi confrontando o Universo e a evolução de um modo,
que penso ser mais didáctico.
Acompanharei as primeiras secções citando E. Cardenal, no seu Cântico Cósmico (Trotta, Madrid 1992,
410 pp.) para quebrar a monotonia do meu relato e para os que gostam de relatos
poéticos, cheios de criatividade, mas também de alguma física quântica. Quem
não gostar de poesia pode saltar.
Segundo as últimas informações (sonda Planck), o Universo tem cerca de
13,8 x 109 anos de idade, isto é, 13 800 000 0000 ou 13,8 Ganos
(giga anos). A maior parte dos acontecimentos marcantes deste Universo
aconteceu nestes primeiros segundos, no quarto de hora inicial. Este
pequeníssimo intervalo de tempo foi “vivido” com tal intensidade que o
Universo, partindo de uma situação caótica, “conseguiu” formar átomos que,
depois, actuados pela força da gravidade vão conduzir-nos a este espectáculo
único que é uma noite límpida de céu estrelado.
Vou contar esta história a partir das libertações de situações
difíceis, da superação de crises de crescimento; depois, das crises que
afectaram a vida e o seu desenvolvimento e, finalmente, das libertações
somáticas que conduziram ao homem.
Lá
em cima chamam as estrelas
convidando-nos
a despertar, a evoluir,
sair dos cosmos.
Elas
engendradas pela pressão e pelo calor.
Como alegres
quarteirões iluminados
Ou povoações vistas
de noite de um avião.
O amor: que acendeu as estrelas…
O universo
está feito de união.
O universo é
condensação.
Condensação é
união, e é calor (Amor.)
O universo é
amor.
Um electrão nunca
quer estar só.
Condensação,
união, isso são as estrelas.
A Lei da
Gravidade
che
muove il sole e l’altre stelle (1*)
é uma
atracção entre os corpos, e a atracção
se acelera
quando se aproximam os corpos.
A força de
atracção da matéria caótica.
Cada
molécula
atrai
qualquer outra molécula do universo.
A linha mais recta é a curva.
Só
o amor é revolucionário.
O
ódio é sempre reaccionário.
O calor é um
movimento (agitação) das moléculas,
como o amor é
movimento (e como o amor é calor).
Um electrão
procura pertencer a um grupo completo ou um subgrupo.
Toda a matéria é atracção.
Cantiga 8, p. 57
VOLTO A AVISAR: não sei se a evolução tinha ou não intenção de fazer
aparecer o homem. Dá-me jeito adoptar esta perspectiva para, ao contar uma
história, não ser obrigado a usar os palavrões técnicos nem a descrever
mecanismos, alguns deles bem complexos.
LIBERTAÇÕES
Foram várias as “libertações” que permitiram ao Universo continuar a
sua evolução.
Neste esquema da evolução do Universo podem ver-se os tempos e as temperaturas em cada momento. Vemos o instante do Big Bang, a Inflação, os domínios da Radiação (azul a avermelhado) e o da Matéria (a azul).
Verifica-se que os principais acontecimentos do Universo se desenrolaram nos primeiros minutos. No resto do tempo houve de notável o aparecimento das estruturas (galáxias e estrelas), a aceleração da expansão (indicada pla espécie de sino deitado), o aparecimento da Terra, da Vida e do Homem.
No princípio dos princípios, tudo seria caos, confusão. Violentas
explosões de energia produzindo partículas muito massivas que não teremos nunca
possibilidade de ver em laboratório. Não se sabe nada hoje porque não há
modelos nem teorias físicas que permitam “olhar” este inferno inicial. Várias
tentativas matemáticas podem vir a abrir janelas, mas por enquanto não vemos
nada.
Nada se sabe. Por isso fala-se de flutuações quânticas, palavrões que
nada dizem e só servem para camuflar a nossa ignorância.
Talvez se possa imaginar como qualquer coisa parecida com esta
fotografia composta do Sol.
Esta
imagem quase dantesca do nosso Sol é uma composição de
25 fotografias feitas em luz UV (ultra violeta) pelo SDO (Solar Dynamics
Observatory) durante um ano.
No
princípio não havia nada
nem
espaço
nem
tempo.
O
universo inteiro concentrado
no
espaço do núcleo de um átomo,
e
antes ainda menos, muito menor que um protão
e
ainda menos ainda, um infinitamente denso ponto matemático.
E
foi o Big Bang.
A
Grande Explosão.
O
universo submetido a relações de incerteza,
O
seu raio de curvatura indeterminado,
a
sua geometria imprecisa
com
o princípio de incerteza da Mecânica Quântica,
geometria
esférica no seu conjunto mas não no seu detalhe,
como
qualquer pasta ou papa indecisamente redonda
imprecisa
mas mudando constantemente de imprecisão
tudo
numa louca agitação,
era
a era quântica do universo,
período
no qual nada era seguro
nem
as “constantes” da natureza flutuantes indeterminadas
isto
é
verdadeiras
conjecturas do domínio do possível
Cantiga 1, p. 9
b) Libertação da Força
unificada
No princípio havia uma única força que manietava tudo e da mesma
maneira. Nada escapava à sua violência e omnipresença. Linhas de força muito
intensas sujeitavam tudo, indiscriminadamente, à ditadura dessa força única. As
quatro forças fundamentais não tinham identidade própria. Formavam uma
“quimera”, entrançadas numa única entidade que exercia um efeito catastrófico
sobre tudo o que existia.
O Universo libertou-se desse espartilho aproveitando a descida de temperatura.
A força omnipotente começou a destrançar-se nas suas componentes, adquirindo
cada uma a sua identidade própria e permitindo que tudo entrasse na
“normalidade”. A partir de dada altura, cada força ficou no seu domínio sem
“oprimir” os outros, apenas pondo ordem em tudo o que fora desordenado. Agora tudo
estava no seu lugar; não se vivia na anarquia pois cada força controlava a
anarquia que havia inicialmente e introduzia alguma ordem num Universo tão
rebelde.
Estas são as forças que regulam todos os fenómenos do nosso Universo:
- a força da gravidade determina a estabilidade de galáxias, estrelas, planetas e seres vivos e não vivos; têm um alcance infinito, tal como a força electromagnética, mas nos domínios dos maiores espaços domina absolutamente;
- a força forte permite a existência dos núcleos atómicos, sobrepondo-se à força electromagnética que faz com que objectos do mesmo sinal eléctrico não se afastem e sejam estáveis juntos;
- a força fraca preside aos decaimentos radioactivos dos elementos instáveis;
- a força electromagnética é responsável por toda a arquitectura estável de nós próprios e dos objectos à nossa volta; regula toda as ligações químicas sob duas formas: atracção, se as cargas eléctricas são de sinal oposto (positivas e negativas); repulsão se são ambas do mesmo sinal (positivas-positivas; negativas-negativas).
Como se vê a força electromagnética tem um predomínio nas coisas do "dia-a-dia": nas grandes distâncias é vencida pela força da gravidade; nas pequeníssimas distâncias, do tamanho de um núcleo atómico, é vencida pela força forte.
No
princípio foi o caos.
O
caos foi apenas o primeiro instante da Grande Explosão.
Depois tudo
foi lei no universo.
A sua criação
foi a suspensão momentânea das leis físicas.
Um caos em
que algo apareceu do nada.
No princípio era
o caos
(Génese
assírio-babilónico)
quando os céus
ainda não tinham nome.
Como é que um
universo caótico se converteu em estruturado?
Através dos
telescópios e
dos aceleradores
de partículas
vemos
uma mesma realidade.
O átomo não
só canta mas canta em uníssono com as estrelas
E a singeleza
e simplicidade do universo:
99% de hidrogénio
e hélio
e o resto
impurezas.
Hidrogénio e
hélio, os dois átomos mais simples.
E como
sementes num campo recém-lavrado
as moléculas
básicas, diz-se, estão regadas
por toda a
negrura do espaço.
Cantiga
37, p. 323.
c) Libertação da Aniquilação
Quando uma partícula encontrava a sua antipartícula, aniquilavam-se,
transformando-se em energia. Por sua vez essa energia ia dar origem ao
aparecimento de uma par partícula-antipartícula. A aniquilação, ao destruir
todas as partículas, impedia a formação estável de estruturas consistentes,
subsistindo um mar de energia. Tudo parecia resumir-se a um eterno jogo de
ping-pong. O Universo parecia uma arena de fratricidas: um universo só de Caims
sem haver nenhum Abel. As partículas andavam numa roda louca. Pouco a pouco, a
temperatura foi baixando de tal modo que mais nenhuma partícula se podia
materializar. E as partículas existentes foram-se destruindo mutuamente.
O Universo parecia condenado a ficar um mar de fogo sem perspectivas
futuras. Foi então que, não se sabe donde nem a que propósito, surgiu um mecanismo
ou uma qualquer mão invisível que fez com que o número de partículas fosse
ligeiramente maior que o número de antipartículas. Assim ao desaparecerem todas
as antipartículas (porque chocavam com as respectivas partículas), sobrou um
ligeiro excesso de matéria, permitindo que a evolução continuasse.
Aproxima-te desta
rocha junto ao mar e olha:
é quase
inteiramente espaço vazio
(olha-a
electronicamente)
é evanescente
espuma toda ela
como a espuma do mar que das rochas nasce e
nas rochas se desfaz.
Efémeras partículas que não estão nem aqui
nem ali,
indo e vindo ao acaso das ondas de um mar
vazio.
Partículas que surgem do nada e voltam ao
esquecimento.
Viajam
do vazio ao vazio.
"A palavra realidade não é utilizável para
as partículas.”
No
princípio não havia o vazio absoluto.
Ou
o vazio absoluto em todos os sentidos.
O electrão pode não ter saído de parte
nenhuma
porém deixou algo do nada donde saiu,
uma espécie de oco no vazio, ou uma
invisível borbulha de nada.
“A
posição de uma partícula no espaço
é
dependente da sua posição no tempo.”
A gravidade é o espaço-tempo curvado,
enrevesado.
E ao mesmo tempo o espaço-tempo tem
estrutura de espuma
e
desvanece-se como espuma na areia.
Caótico mar onde mesmo a noção comum de
lugar desaparece!
E onde o próprio espaço pode mudar e
mover-se
(e fazer-se espuma).
Vivemos num mundo de electrões
indeterminados
intercambiando fotões de posição confusa,
fotões
perdidos na neblina da incerteza quântica.
Que são como a quase invisível bola de ténis
que caprichosamente faz movimentar-se a dois
jogadores
com movimentos indeterminados mas também bem
determinados.
Um
mundo que não é senão um nada estruturado.
As fantasmagóricas semiformas do vazio
no agitado mar de quanta virtuais que são
todo o espaço.
Partículas elementares que não parecem
possuir estrutura interna
e juntas constituem todas as formas
conhecidas da matéria.
Partículas
fantasmas indo e vindo, aparecendo
e
desaparecendo.
Partículas que bailam um louco rock num salão
de engalanado nada.
Não
são
exactamente electrões fantasmas os das
equações quânticas
mas realidades fantasmas, mundos fantasmas
que apenas existem quando são observados.
Einstein
não o aceitou em toda a sua vida.
A incerteza como propriedades inerente à
matéria.
Esta
intangível qualidade das partículas quânticas…
“Ninguém entende a física quântica”
Disse
Feynmann
Cantiga 29, pp. 239-240.
d) Libertação do Uniformismo
Tudo era uniforme: radiação com partículas que se tornavam radiação.
Já há componentes da matéria, os núcleos atómicos, mas devido às elevadas
temperaturas, não conseguem associar-se com os electrões e formar os átomos, os
“tijolos” das estrelas e galáxias.
A energia tudo destrói, tudo uniformiza. Existe um plasma onde se
cruzam quarks e gluões e, mais tarde, núcleos atómicos e electrões. Tudo
uniforme, alinhadinho; nada de estruturas consistentes.
De novo é o abaixamento da temperatura que vai permitir que os
electrões se unam aos núcleos para formar os átomos. Embora haja poucos tipos
de átomos, a composição do Universo já não é uniforme: 75% de hidrogénio e 24%
de Hélio. A diversidade começa a impor-se. O problema é que a diversidade não
avança e o Universo parece preso na armadilha da primeira crise de crescimento,
que veremos mais abaixo.
Quando a temperatura baixar o suficiente, o plasma quarks-gluões dissocia-se nos seus componentes: quarks (uma das partículas elementares da matéria) e gluões (uma das "partículas" mediadoras da força forte). Como os quarks não podem "viver" isolados associam-se para formar as partículas de matéria, nomeadamente os protões e os neutrões.
Os protões e os neutrões, logo que a energia ambiente o permita, associam-se formando os primeiros núcleos atómicos: dois protões e sois neutrões formam o núcleo atómico do Hélio.
Mais tarde, os núcleos atómicos, ao associarem-se, forma os primeiros átomos (nucleossíntese cosmológica): Hidrogénio e Hélio. Os protões, apesar de terem a mesma carga eléctrica (positiva) não se repelem por causa da força forte que os une estavelmente.
Assim, todo o uniformismo presente no plasma quarks-gluões desaparece para dar origem aos primeiros individualizados diferentes.
e) Libertação da Opacidade
Tudo era um nevoeiro cerradíssimo. Não se via “um palmo à frente do
nariz”. A luz perdia-se logo no meio daquele smog mais intenso que o de
qualquer cidade poluída.
Quando a temperatura baixa e se formam os primeiros átomos, não é só a
uniformidade que vai acabar; também a opacidade.
Os fotões interagem com os electrões. Como os electrões ficaram
aprisionados pelos núcleos atómicos, os fotões libertam-se das suas ligações com
eles. Antes, os fotões formavam um emaranhado de trajectórias: estavam
continuamente a mudar direcção por causa dos contínuos choques com os
electrões. Agora, livres, passam a deslocar-se em trajectórias lineares,
permitindo o aparecimento dos raios luminosos. O Universo ficava transparente à
luz.
Livres da interacção com os electrões (que ficaram presos aos nucleões para formar átomos), os fotões deslocam-se segundo trajectórias rectilíneas. Antes, chocavam continuamente com os electrões e era impossível seguir a sua trajectória. Agora, partem à aventura.
f) Libertação das Trevas
O silêncio, o frio e a escuridão caíram sobre o Universo: os átomos
que existiam já estavam demasiado separados para se encontrarem e, quando se
encontravam, seguiam não dando origem a nada. Eram apenas ressaltos num bailado
de cegos onde poucos chocavam com poucos. A temperatura era muito baixa para
iniciar reacções.
Tudo estava mergulhado numa escuridão total. Tudo parecia terminado.
Mas não. Sob essas condições adversas, havia zonas de matéria mais densas que
outras. Ligeiramente, mas o suficiente, para servirem de núcleos de futuras
estrelas e galáxias. Até que passados muitos milhões de anos, começaram a
surgir os primeiros pontos luminosos, pequenas luzes a ulcerar as trevas. Então,
pouco a pouco, as trevas começam a desaparecer, os pontos brilhantes aumentavam
e o céu, antes tão tétrico, tornou-se num belo espectáculo.
Como se viu, a maior parte destas libertações ocorreu porque a
temperatura ia baixando. Mas, quando ela baixou demasiado, o Universo teve de
fazer apelo a um outro mecanismo para resolver este estrangulamento. No caso da
Escuridão, o abaixamento de temperatura já não era capaz de eliminar as trevas.
Entrou em campo a força da gravidade, até agora desparecida. Como o
Universo não era totalmente homogéneo, havia algumas zonas um pouco mais densas
em matéria e outras menos. Aquelas tinham uma força de gravidade um pouco maior
e começaram a atrair mais massa. A massa atraída aumentava a massa. O aumento
de massa aumentava a força de gravidade. E assim sucessivamente chegou-se a um
momento em que a massa condensada era tal que no seu centro a temperatura
atingiu o valor de milhões de graus. Esta era uma energia suficiente para fazer
desencadear reacções nucleares e acender os luzeiros no céu.
Vincent van Gogh (1888)
A matéria é movimento.
O
universo, transformação.
As
velocidades dentro dos átomos
são
como as do céu.
Em
contínua dança a matéria.
As
nuvens de hidrogénio em rotação
Engendrando
estrelas em rotação,
e as galáxias
em discos, esferas ou espirais
também
girando.
Expandindo-se
tudo (além do mais)
ao
mesmo ritmo.
E qual é a
sua razão de ser?
Como foi a
sua criação?
E
nós por que estamos?
E quem somos?
Terá o universo uma alma
e somos nós essa alma
com todo o cosmos por corpo,
mesmo os
gases mais distantes, o nosso corpo?
Assim o
cosmos conhece-se a si mesmo por nós.
“Conhece-te a ti mesmo”.
…
A gravidade
que é o amor, dizíamos, por quem os beijos são dados.
A gravidade é
consequência do espaço-tempo curvo.
A gravidade e
todos nós.
Também o
mesmo Paul Davies disse:
Tempo e espaço
essas duas ideias aproximadas…
(Talvez uma
teoria do futuro
nem sequer
use as noções de espaço e tempo.)
Passado, presente
e futuro, é linguística
Porém o último que prevalecerá
será
a segunda lei da termodinâmica?
Só buracos
negros e buracos negros e buracos negros
nos quais
tudo será submerso no esquecimento. São Paulo disse
que o último
inimigo vencido será a morte, será
a segunda lei
da termodinâmica.
Talvez outra
vez a matéria, como no princípio,
reduzida a
uma densidade infinita.
O Apocalipse
segundo Davies.
Cantiga
5, pp. 35-36 e
Cantiga
9, pp. 66-67.
Assim chegámos a uma nova etapa. Liberto dos muitos empecilhos, o Universo vai agora debater-se com algumas crises. Veja o próximo episódio.
Notas
(1*) Últimas palavras da Divina Comédia de Dante (Paraíso, canto XXXIII,146). Dante aplica-a ao "amor que move o céu e as outras estrelas" (l'amor che move il sole e l'altre stelle). Aqui Cardenal aplica-a à gravidade, da qual diz, na Cantiga 9, "a gravidade que é amor" (citada mais abaixo)